quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Aqui para nós…!

« O GALO DE BARCELOS »


A lenda do galo de Barcelos é antiquíssima.
Julga-se que foi criada a propósito de algum homicídio que por ali tivesse ocorrido em tempos não muito próximos da Fundação da Nacionalidade.
Naquele tempo, antes que a notícia do crime chegasse à autoridade judiciária, já o autor estava bem seguro além fronteiras.

Em tempos, de Festa de Santa Cruz, os maiorais para engrandecimento da Festa e da Terra davam grandes almoços em seus palácios e alargavam os convites ás autoridades e aos grandes.
Naquele ano entre os convidados, presidiria o Doutor Juiz da repartição onde o Processo fora “arquivado”.
Um galo assado era o ponto alto do menu e o Juiz era sempre convidado para “trinchar”.

O banquete decorria dentro do habitual.
Tinham servido “o peixe”; o “cozido à portuguesa”, tudo regadinho com magníficos vinhos verdes da quinta…!
Aguardavam agora a vez do “assado”.
O Juiz prendera o guardanapo de linho à gola da camisa e caía-lhe sobre o peito.
Todos esperavam ver a entrada no salão do galo repimpado na assadeira de barro vermelho.
O galo assado seria em glória, elevado ao ar pelos braços dos cozinheiros em grande algazarra e aclamado na mesa pelos convivas.
O Juiz aguardava o “convite oficial” para “trinchar”.

É então que se ouve um ruído metálico, de armas a arrastar pelo granito da escadaria Era a Guarda que entrava!
Os convivas procuravam saber o que estaria a acontecer, quando insólita informação dizia que o “presumível assassino” fora apanhado e seria ali apresentado ao Juiz!

Outras informações diziam que certo barcelense, chegado do estrangeiro, ao tomar conhecimento da situação do réu fugitivo e seu amigo, que julgava já ilibado da acusação, nem sequer tinha sido incriminado.
A testemunha exigia imediato julgamento. Tinha já passado tempo em demasia; Se não aceitava que um inocente por andar foragido fosse mantido preso; também a Guarda não o podia libertar quem tinha processo pendente; Sem julgamento!
A testemunha insistia fortemente que queria ouvir de imediato a sentença!

Todos sentiram que no salão, em vez de um banquete se instalara uma sala de audiências.
O réu é instado a que apresente sua defesa. Tinham tido conhecimento de que andava por perto e que nestes dias de Festa rondava Barcelos. Mandara-o chamar e, réu e testemunha logo se dirigiram á Guarda.

Perante o Juiz o réu começou por afirmar que, hoje tudo se passou como se fora um “milagre”! Mas que só hoje conseguira testemunha «presencial, credível… decisiva!»
O Povo sentira que o Juiz esquecera o guardanapo ao peito!
Por sua vez a testemunha, insistia que a sua vinda fôra um “milagre” para a causa, e que o seu depoimento ilibaria o réu de qualquer culpa!
«- È tão certo que ele esteja inocente, disse a testemunha apontando o réu, como este galo se vai levantar da assadeira e cantar!
E isto para que o meritíssimo Juiz fique sem o menor peso de consciência, por ter absolvido um justo, até agora, tido como culpado».

«- Como assim?»
«- Não será a mim, que compete julgar?»
Inquire o Juiz com voz forte!
Ao mesmo tempo o galo pôs-se de pé na assadeira vermelha e, para espanto de todos logo impôs seu forte canto de vitória! «E batendo as asas e escapou-se pela janela!»


Na madrugada da primeira Sexta-feira Santa, outro galo cantara lá para os lados do Jardim das Oliveiras. São Pedro não ouvira o galo! Mas Jesus ouvira-o e terá dito a Pedro:
«- Um galo que canta é “uma advertência”. É uma chamada de “atenção” para que nos libertemos “do medo” e evitemos “atitudes tíbias e irresponsáveis

As três negações de Pedro – Segundo S. Mateus
Mt 26, 69-75; Mc 14,66-72; Jo 18, 15-18. 18, 25-27.


Os Guardas «Levando Jesus introduziram-no em casa do Sumo-sacerdote. Pedro seguia de longe. Tendo eles acendido uma fogueira no meio do pátio e sentaram-se; Pedro sentou-se no meio deles.
Ora uma criada ao vê-lo sentada ao lume, fitando-o, disse: «Este também veio com Ele» mas Pedro negou-o, dizendo: «- Não o conheço mulher.»
Pouco depois disse outro: «- Tu também és dos tais.»
Mas Pedro disse: «- Homem, não sou.»
Cerca de uma hora mais tarde um outro homem afirmou com insistência: «Com certeza este também estava com Ele. Além disso é galileu.» Pedro respondeu: «- Homem, não sei o que dizes.» E no mesmo instante, estando ainda a falar, cantou um galo.
Voltando-se o Senhor fixou os olhos em Pedro; e Pedro recordou-se das palavras do Senhor:
«- Antes do galo cantar irás negar-me três vezes.» E Pedro vindo para fora chorou amargamente.


m. c. santos leite
Gueifães – Maia - PORTUGAL

«Exercício sobre a conhecida e rica lenda do “Galo de Barcelos”, mais aproveitamentos ocasionais não identificáveis e Bíblia»