quarta-feira, 22 de outubro de 2014

A LENDA DO REI RAMIRO (1)


Quando contemplo os nossos rios, e quero referir-me àqueles que ficam aqui ao Norte do Douro até ao Minho, nas margens e nas praias marítimas fico a pensar nos ricos romances históricos, ou lendários que por aí se foram desenvolvendo e por aí estão perdidos e ocultos pelo célere decorrer dos séculos.
Hoje, procuramos compreender como eram penosas as deslocações por terra e então, como alternativa, lá idealizamos o barquito à vela, que com bom tempo e vento de feição ia percorrendo a costa transportando povo em penosas deslocações; temerárias também pela imprevisível pirataria que a frequentava.
Os normandos eram temíveis já antes da chegada dos mouros, depois os sarracenos vingaram-se depois de terem sido expulsos e passaram a assolar toda a orla marítima e a pente fino.
Um desses romances históricos, de que dificilmente nos podemos alhear pelo seu sabor a lenda, entreabre-se quando enternecidamente contemplamos os rios e estuários, as praias e as belas enseadas e encantadoras povoações piscatórias, deste vetusto "Entre Douro e Minho".

É o romance do Rei Ramiro; a famosa lenda de que hoje não se sabe bem quem teria sido o protagonista, se D. Ramiro I, se o segundo (2).
Nesse tempo esta terra do Entre-Douro e Minho, era percorrida com frequência, e foi assim durante muitos anos, pelas hostes guerreiras quer de cristãos galegos, que aqui vinham saquear os mouros para se refugiar de novo além Minho, quer dos mouros que por aqui corriam as álgaras para se refugiarem em segurança ao Sul do grande rio Douro.

Conta a lenda que D. Ramiro ou Ranimiro, a pesar de "casado e pai de filhos" se teria enamorado da irmã do chefe mouro Albuazar (3) senhor de Gaya. A negativa do irmão da "pretendida" levou D. Ramiro a raptá-la levando-a para «Minhor» (4).
Como represália "Alboazar" foi a Minhor, raptou a mulher de D. Ramiro trazendo-a para Gaia".
O Rei andava em operações lá para as Astúrias e ao saber do sucedido chamo seu filho Ordonho e os vassalos e, navegando por aí abaixo com cinco «galés», "vieram surgir" a "Sanhoanne de Furada" (5) junto á foz do Douro.
Aí Rei Ramiro escondeu os seus pelas florestas da margem do Rio e foi postar-se próximo de uma fonte nas proximidades do castelo.
Da manhã, enquanto o casteleiro andava à caça, a "covilheira sergente" da rainha raptada, "Perona", indo à água, à fonte, encontrou-o ali disfarçado de "mouro doente e lazarado" a quem serviu água, pelo "antre" (6) onde o mouro discretamente lançou, no vaso um anel, sem que a covilheira notasse.
Quando a rainha ao ser servida com a água lhe caiu o anel nas mãos, logo o "mouro" foi mandado chamar.
«- Rei Ramiro, quem te aduse aqui? - cá o teu amor;- e ella lhe dice que vinha morrer, e elle respondeu, ca pequena maravilha.»
D. Ramiro foi logo escondido num armário porque Alboazar acabava de chegar; dali ouvindo a conversa entre o mouro e a rainha, responde: «de máa ventura he ho homem que sse fia per nenhuma molher»
Depois do jantar a Rainha perguntou a Alboazar.
- Se tu aqui tivesses Rei Ramiro, que lhe farias?
- O que elle a mi faria! Mata-lo!»
Trazido o prisioneiro Abencadão logo perguntou.
«- És tu o Rei Ramiro ... - eu sou ... - a que vieste aqui? ...»
«- Vim ver a minha mulher que me filhaste a torto. cá tu havias comigo trégoas. e nem me catava de ti - vieste a morrer ... se metiveces em Miñor, que morte me darias?»
«- Abrira as portas do meu curral e faria chamar todas as minhas gentes, que viessem ver como morrias e faria-te subir a um padrão, e faria-te tanger o corno, até que te hi sahice o folego» E assim foi feito.
Rei Ramiro subiu ao padrão e tirando da cinta a trompa de corno, tocou com quanta fôrça tinha o sinal previamente combinado a que rapidamente acudiram o filho e os vassalos; entrados no curral do castelo rechaçaram quantos mouros em Gaia havia.
Depois «filhou o Rei Ramiro sa molher e sas donselas», embarcaram e regressaram de rota batida.
já afastados e desembarcando na praia aí descansaram; «D. Ramiro deitou-se no regaço da Rainha, e a Raínha filhouce a chorar e as lágrimas dela caíram a D. Ramiro no rosto acordando-o.»
O rei perguntou-lhe porque chorava ela:
«- Choro por mui bom mouro que mataste - e então o filho ... disse ao padre - não levemos connosco mais o demo !»
«- Mete dôr ! »... e depois disso o monte ali ao lado ficou conhecido por Monte d´ Ór !»
«Então o rey Ramiro filhou uma mó, que trazia na nave, e ligoulha na garganta e ancorouha no mar e dês aquella hora chamarão ´hi Foz d´ Ancora .» 7)
Por instigação do filho Ramiro ordenou que botassem ao mar, «e por este pecado que disse o inffante D. Ordonho contra sua mãe disserom depois as gentes que por esso fora deserdado doos pobos de Castela.»
«De volta a Minhor, D. Ramiro foysse a Leon e fez sas cortes ..., e mostroulhes as maldades da rraínha Alda sa molher e que elle avia por bem de casar com dona Artiga, a irmã do chefe mouro", ... e elles todos a louuvaram e ho ouveram por bem.»
«Deste casamento descenderam os da Maia.»

1) - A lenda do Rei Ramiro descrita nos Livros de Linhagens; Fragmentos II e IV , (ed P.M.A., pág. 180/181 e 274/277) citada por Alberto Sampaio - As Póvoas Marítimas, pág. 141 e seg.)
2) - Outra versão refere "Mier" próximo de Salvatierra.
3) - Alboazar para uns e Abencadão para outros.
4) - As duas versões (cada uma em seu Fragmento) não são coincidentes, nem se sabe hoje se foi passado com D. Ramiro I ou D. Ramiro II; os nomes e as peripécias também não coincidem mas tudo isso adensa o "mistério" e o carácter lendário de história sai por isso mesmo valorizada.
5) - S. João da Aforada, próximo da foz de Rio Douro.
6) - "Antre" - entenda-se "vasilha"
7) - Fiz do Rio Âncora.

m. c. santos leite

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Os “Mendrugos” de S. Francisco



São Francisco estava já no fim de uma vida magra, doente e sofrida quando os Irmãos da Porciúncula lhe prepararam a surpresa de uma homenagem.
Nos últimos tempos, cumprindo imperativos de idade, levantava-se tarde. Certo dia quando, vinha da cela chegou à sala - uma sala grande em terra batida que ele noutros tempos mandara construir - viu admirado uma grande “mesa posta”: rica toalha, baixela do melhor, barro da região e copos de vidro.
Mal sabia que era tudo de empréstimo.
«- Gente rica vem cá almoçar. (Pensara que os Irmãos tinham cedido a sala para servir um almoço. Tomando a escudela e o bordão saiu para dar a habitual volta, como pedinte, pela vizinhança.

Á hora marcada, tanto os Irmãos como os Convidados já ocupavam os seus lugares à mesa. Só Frei Francisco faltava mas o costume, por ele proposto era, que fossem comendo.
Entretanto chegou com a escudela.
A avaliar pelo luxo da mesa e decoração da sala, gente bem importante devia ser.
É gente rica, pensava! E começou de apresentar a escudela a quem estava à mesa.
- Uma esmolinha?
Ao segundo ou terceiro conviva notou que eram rostos conhecidos.
«- Afinal “são pobres”, confirmou e, deixando de pedir, seguiu até ao fundo da sala sentando-se à lareira, a comer os “mendrugos” da escudela. Tinham-lhe dado no peditório, míseras «côdeas de boroa, rapada, bolorenta e dura!»
Tentaram convence-lo a ir para a mesa mas, em vão; depois, em silêncio, Irmãos e Convidados meditavam. Ficaram a meditar e a reparar em São Francisco e nas côdeas de pedinte!

A TV às primeiras horas de hoje falou-nos de novo episódio da emigração clandestina, africana.
Na Grécia um barco que se aproximava com emigrantes, teve problemas junto à Ilha de “Cítara”.
Trezentas e trinta pessoas em perigo entre elas quarenta mulheres e dez crianças que num resgate difícil, e de várias horas, foram recolhidas por um ocasional e milagroso petroleiro.

Nas ilhas gregas os “chifons” continuam a esvoaçar. Cordas lânguidas e os acordes dolentes da cítara continuam a tanger!

São Francisco passou por cá há oitocentos anos e a “Cítara”, que já era velha pelas ilhas gregas, continua a tanger.
- Naufrágios e “mendrugos” sempre haverá! Petroleiros ocasionais é que podem faltar!

Hoje a vida vai difícil e pelo andamento, ninguém pense que está livre de ir para as Ilhas gregas comer “mendrugos” a bordo de algum petroleiro ocasional. Ferrugento!


m.c. santos leite

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Aqui para nós…!

« O GALO DE BARCELOS »


A lenda do galo de Barcelos é antiquíssima.
Julga-se que foi criada a propósito de algum homicídio que por ali tivesse ocorrido em tempos não muito próximos da Fundação da Nacionalidade.
Naquele tempo, antes que a notícia do crime chegasse à autoridade judiciária, já o autor estava bem seguro além fronteiras.

Em tempos, de Festa de Santa Cruz, os maiorais para engrandecimento da Festa e da Terra davam grandes almoços em seus palácios e alargavam os convites ás autoridades e aos grandes.
Naquele ano entre os convidados, presidiria o Doutor Juiz da repartição onde o Processo fora “arquivado”.
Um galo assado era o ponto alto do menu e o Juiz era sempre convidado para “trinchar”.

O banquete decorria dentro do habitual.
Tinham servido “o peixe”; o “cozido à portuguesa”, tudo regadinho com magníficos vinhos verdes da quinta…!
Aguardavam agora a vez do “assado”.
O Juiz prendera o guardanapo de linho à gola da camisa e caía-lhe sobre o peito.
Todos esperavam ver a entrada no salão do galo repimpado na assadeira de barro vermelho.
O galo assado seria em glória, elevado ao ar pelos braços dos cozinheiros em grande algazarra e aclamado na mesa pelos convivas.
O Juiz aguardava o “convite oficial” para “trinchar”.

É então que se ouve um ruído metálico, de armas a arrastar pelo granito da escadaria Era a Guarda que entrava!
Os convivas procuravam saber o que estaria a acontecer, quando insólita informação dizia que o “presumível assassino” fora apanhado e seria ali apresentado ao Juiz!

Outras informações diziam que certo barcelense, chegado do estrangeiro, ao tomar conhecimento da situação do réu fugitivo e seu amigo, que julgava já ilibado da acusação, nem sequer tinha sido incriminado.
A testemunha exigia imediato julgamento. Tinha já passado tempo em demasia; Se não aceitava que um inocente por andar foragido fosse mantido preso; também a Guarda não o podia libertar quem tinha processo pendente; Sem julgamento!
A testemunha insistia fortemente que queria ouvir de imediato a sentença!

Todos sentiram que no salão, em vez de um banquete se instalara uma sala de audiências.
O réu é instado a que apresente sua defesa. Tinham tido conhecimento de que andava por perto e que nestes dias de Festa rondava Barcelos. Mandara-o chamar e, réu e testemunha logo se dirigiram á Guarda.

Perante o Juiz o réu começou por afirmar que, hoje tudo se passou como se fora um “milagre”! Mas que só hoje conseguira testemunha «presencial, credível… decisiva!»
O Povo sentira que o Juiz esquecera o guardanapo ao peito!
Por sua vez a testemunha, insistia que a sua vinda fôra um “milagre” para a causa, e que o seu depoimento ilibaria o réu de qualquer culpa!
«- È tão certo que ele esteja inocente, disse a testemunha apontando o réu, como este galo se vai levantar da assadeira e cantar!
E isto para que o meritíssimo Juiz fique sem o menor peso de consciência, por ter absolvido um justo, até agora, tido como culpado».

«- Como assim?»
«- Não será a mim, que compete julgar?»
Inquire o Juiz com voz forte!
Ao mesmo tempo o galo pôs-se de pé na assadeira vermelha e, para espanto de todos logo impôs seu forte canto de vitória! «E batendo as asas e escapou-se pela janela!»


Na madrugada da primeira Sexta-feira Santa, outro galo cantara lá para os lados do Jardim das Oliveiras. São Pedro não ouvira o galo! Mas Jesus ouvira-o e terá dito a Pedro:
«- Um galo que canta é “uma advertência”. É uma chamada de “atenção” para que nos libertemos “do medo” e evitemos “atitudes tíbias e irresponsáveis

As três negações de Pedro – Segundo S. Mateus
Mt 26, 69-75; Mc 14,66-72; Jo 18, 15-18. 18, 25-27.


Os Guardas «Levando Jesus introduziram-no em casa do Sumo-sacerdote. Pedro seguia de longe. Tendo eles acendido uma fogueira no meio do pátio e sentaram-se; Pedro sentou-se no meio deles.
Ora uma criada ao vê-lo sentada ao lume, fitando-o, disse: «Este também veio com Ele» mas Pedro negou-o, dizendo: «- Não o conheço mulher.»
Pouco depois disse outro: «- Tu também és dos tais.»
Mas Pedro disse: «- Homem, não sou.»
Cerca de uma hora mais tarde um outro homem afirmou com insistência: «Com certeza este também estava com Ele. Além disso é galileu.» Pedro respondeu: «- Homem, não sei o que dizes.» E no mesmo instante, estando ainda a falar, cantou um galo.
Voltando-se o Senhor fixou os olhos em Pedro; e Pedro recordou-se das palavras do Senhor:
«- Antes do galo cantar irás negar-me três vezes.» E Pedro vindo para fora chorou amargamente.


m. c. santos leite
Gueifães – Maia - PORTUGAL

«Exercício sobre a conhecida e rica lenda do “Galo de Barcelos”, mais aproveitamentos ocasionais não identificáveis e Bíblia»

segunda-feira, 23 de junho de 2014

“A morte do lidadoR”

Alexandre Herculano
Resumo de m. c. santos leite

O ginete murzelo, o lorigão de ferro,
e a boa toledana, armavam já
o venerando e destemido
Lidador da Maia;
Fronteiro-Mor de Beja.
Aquela seria a sua última
E bem dura peleja.

«- Senhores cavaleiros!
Hoje quero celebrar
com alma, este dia!
Quero festejar
Com uma entrada,
por terras de mouros…
para além da frontaria.»


Era Gonçalo Mendes,
a quem D. Afonso Henriques
nomeara Fronteiro-Mor de Beja.
E o venerando guerreiro
Quem insistia.
Querer festejar anos,
nesse dia…


«95 anos,
depois do Baptismo;
E havia oitenta,
que armas vestia.
70 que, depois de
armado cavaleiro,
contra ferros combatia!


«- Voto a Cristo!»
Entoou o Lidador.
Julho de mil cento e setenta
decorria.
E eram entrados já
na “alborada”
daquele dia!




    E o velho, que tal dissera
na sala de armas do Castelo de Beja,
«À lá fé!» bradara e,
a festa d´anos terminara!
Festa própria, mais de
mancebo cavaleiro, que de
velho capitão e venerando fronteiro!


Pelos píncaros de serras remotas,
via-se já o luzir de almenaras.
Almoleimar” à planície descia!
E o estropear de cavalos nossos
ao perto, se ouvia.
Cavalos à rédea solta, e em surdina,
voavam”, levantando pó pela campina.


    Como eram belas as cores,
das armas e o cintilar das cotas
ao Sol ardente do Verão!
Lá vai atrevida cavalaria,
em demanda de mouros,
por terras “deles…
Para lá da frontaria!”


«- A cavalo! A cavalo!»
Voltou o Lidador,
pr´á chusma de cavaleiros.
Do outro lado, se ouvia,
grande alarido!
Gritaria mourisca, medonha…
E o Lidador, logo fora respondido.

«- Allah! Almoleimar!»
E o Lidador bradara
«- Por Santiago»!
Mas o cavaleiro “Almoleimar”
à sua frente se postou!
E o grito da resposta:
«- Allah». Não tardou!




E o alfange do mouro com a
toledana do Fronteiro se cruzaram
e fazendo-se em pedaços! Faiscaram…
«- Perro maldito!
No inferno saberás,
Como as espadas de Gonçalo Mendes,
são mais rijas que as que tendes!


A carne já lhe saía
pelo lorigão descosido…
ensanguentado …
Roto!
De sepultura,o brado
do Fronteiro de Beja…
Já tinha soado…


Á roda dele, só cadáveres…
Membros destroncados!
A vitória era dos portugueses.
Os mouros levavam
vergonha, morte e dano.
Mas pensar que a vitória
saíra barata! Seria puro engano!


Viam o Capitão mortalmente ferido.
Afora escudeiros, pagens e os cavaleiros!
que tinham perdido!
Ao longe, os mouros,
deram meia volta ao correrio
e, bem, seguros,
gritaram em desafio:


«- Ali- Abu- Assam!
Deus é deus…
e Mohammed o seu profeta!»
Ali-Abu-Assam,
rei de Tânger; Sem tempo a perder;
viera de Mértola a Beja,
Almoleimar socorrer.


O velho fronteiro,
já semelhava espectro
erguido em campo de finados!
Mas, por onde
a luta ia mais travada,
para lá, e com fervor…
Sempre se encaminhara o Lidador!




Mas as forças já faltavam,
a cabeça do Fronteiro tonteava…
O cavalo solto… debandara1
E… D. Gonçalo Mendes,
da Maia tombara!
Era noite escura, depois de
oitenta anos de feitos, e de bravura.


Quem hoje ouvir recontar,
os bravos golpes que se deram
na veiga da frontaria de Beja,
notá-los-á de fabulosos… sonhados;
Próprios de homens corruptos e esfacelados.
Feitos, por nós urdidos e
mal contados!

Assim era a força e o ânimo
dos portugueses do século XII.
Feitos calculados a preço de terras;
de sangue e de vidas tombadas,
que tinham cobrado seu valor!
Foi Vitória, a custo elevado!
Ao preço da tenacidade do Lidador.


Enquanto o préstito,
a passo lento se movia,
um sacerdote templário,
com larga espada,
inda na bainha,
do Livro da Sabedoria,
salmodiava a palavra pia,

«- As almas dos justos
estão na mão de Deus
e não os afligirá
o tormento da morte!»


A morte do lidador”

A morte do Lidador está incluída em “Lendas e Narrativas” de A. Herculano.
O Autor recolheu-as de um apontamento do “ Livro de Linhagens”, de D. Pedro.

118 - NOTAS
2 - O Grande Lidador era descendente de um filho bastardo de Ramiro II, rei de Leão.
O cognome Lidador vem das constantes lides em que se empenhara contra os mouros.
4 – Beja foi reconquistada entre 1.232/34 passando daí a ser definitivamente portuguesa.
8 – “O quarto da modorra”. É “O quarto de turno da sentinela”, em que o sono se torna mais opressivo.

m. c. santos leite


D. Pedro IV

Fanecas Frescas, fritas… Fiadas!
Episódio passado em Pedras Rubras

 
No dia 8 de Julho de 1832, desembarcaram 7500 tropas, na praia de Pampelido da freguesia de Lavra, Matosinhos. Eram tropas fieis ao liberalismo e a D. Pedro IV , rei de Portugal e Imperador do Brasil.
.
O rei e o almirante Rose George Sartórios tinham por objectivo libertar a Pátria do “absolutismo” de D. Miguel e, implantar o “liberalismo” que se regeria por ideais democráticos já consignados na Constituição de 1822.


A 7 de Julho de 1832 a esquadra liberal passara à vista do Porto e dirigiu-se para Norte.
Em Vilar o telégrafo deu a notícia. O temor invadiu a cidade e logo os miguelistas fugiram. À noite os tambores tocaram a rebate pelas ruas da cidade em sinal de perigo, porém a esquadra continuou viagem.
Estas forças expedicionárias foram depois conhecidas pelos “ 7.500 Bravos do Mindelo”.
Tinham partido dos Açores, da Ilha Terceira e passado por S. Miguel. Vinham embarcadas em vários navios, sendo um deles a vapor.
Tentaram desembarcar na foz do Ave em Vila do Conde, o que não lhes foi consentido pelo brigadeiro José Cardoso de Meneses, obrigando-a a rumar para Sul ao encontro de local propício ao desembarque.
A esquadra, deslocando-se para Sul passara junto à costa, bem conhecida do comandante que sabia da existência de uma praia que oferecia as condições necessárias.
Diz-se que foram os conhecimentos que possuía da costa, que levaram a optar pela Praia de Pampelido, também conhecida por «Praia da Arenosa», “Praia dos Ladrões” e hoje “Praia da Memória”.


O desembarque em Pampelido começou pelas duas horas da tarde.
Pelas seis horas desembarcou D. Pedro que ordenaria um movimento de flanco sobre
Pedras Rubras. Pelas 8 horas da manhã entrava D. Pedro; e aí ficaram acampados no largo de Pedras Rubras.
D. Pedro procurou onde pernoitar e, ficou instalado, com o seu estado-maior, em casa do lavrador Andrade, onde existe uma placa voltada para a rua. Aí se lê que ali pernoitara D. Pedro IV.
Diz-se que os lavradores de Pedras Rubras fizeram grande negócio vendendo produtos alimentares e outros bens ao Exercito.
Para comer indicaram a D. Pedro uma adega próxima. O rei, ao entrar na taberna aparentava ser um oficial embarcado há muitos dias; cabelo comprido, mal cuidado e barba de oito dias.
O oficial perguntando o que havia para comer, foi-lhe dada resposta apontado somente um letreiro em que se viam (3 efes) f. f . f ., sem mais.
«- Mas… o que vem a ser isso? Perguntou o oficial.
«- Há peixe de “três efes”!»
«- Mas… que diabo de peixe vem a ser esse?»
«- Fanecas, frescas, fritas! Respondera o taberneiro»
«-Se não há mais nada, saíam as fanecas! Vamos nas fanecas». Respondera o oficial!
As fanecas frescas, vieram para a mesa, com pão e vinho.
Quando chegou a hora de pagar o oficial deu falta da carteira, apercebendo-se de que não tinha com que pagar.


Pediu que lhe trouxessem o pincel e a tinta com que tinham pintado o letreiro e logo manda que o tasqueiro acrescentasse outro ( f ).
«- Outro “F “ ? Quatro “efes”? Que quererá isso dizer!
«- Fiadas!
Retrucou o oficial.
« - Fanecas, frescas, fritas e fiadas!»
As fanecas eram tidas como sendo melhores comidas frias. Eram fanecas fritas com antecedência e deixadas no “mosqueiro” á espera de cliente. O oficial gostou das fanecas e entendeu que lhe serviram um bom petisco!
Sabe-se lá há quanto tempo já, não comia coisa que se visse?
«- Fiadas! Quero dizer que não tenho com que lhe pagar!
«- Esteja Vossa Excelência à vontade. – Resposta prudente do tasqueiro. «- Pagará quando por cá voltar!
«- Nem sei se voltarei!
O tasqueiro ficou «sufocado» com a partida do “fiado”, que não esperava. Esperava ver o seu dinheiro.


No dia seguinte o oficial voltou á taberna. e perguntou pelo patrão.
«- Patrão sou eu.» Responde um mocetão lá de dentro. - Não sou patrão mas é como se fosse. Vou casar com a filha dele!»
«- Então toma lá! Aqui tens duas libras para comprar um par de arrecadas para a tua noiva!
A partir daí a tasca ficara a ser muito conhecida e celebre pela história dos «três “efes.”


A estadia do Exército por Pedras Rubras tivera curta duração.
À partida o Povo delirou ao ver as tropas desfilar na direcção do Porto, em ordem, com tambores e fanfarra, à frente.
No dia seguinte, D. Pedro IV entrava na Praça Nova, no Porto, pelas oito horas da manhã.
A Praça Nova, recordando o “liberalismo” passou a chamar-se “Praça da Liberdade” e aí foi levantada a estátua equestre a D. Pedro IV, o «rei soldado!».


O taberneiro, ouvindo os bombos e a fanfarra, deixou a loja e veio à rua ver o espectáculo do Exército a desfilar.
Para grande surpresa reconhecera a pessoa do rei D. Pedro IV naquele oficial gadelhudo, que no dia anterior fora seu cliente e a quem tinha vendido «fiadas», todas as «fanecas, frescas, fritas» que havia no mosqueiro».
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(Popular)


m c santos leite

sexta-feira, 18 de abril de 2014

LÚCIA DE JESUS: UMA CARMELITA NO CORAÇÃO IMACULADO DE MARIA

Nas palavras do poeta Daniel Faria há os que nascem para escolher e os que nascem para serem escolhidos. Lúcia de Jesus estaria entre os últimos. Naquele 13 de maio de 1917, foi escolhida para uma história de amor que a levou para bem longe da Serra d’Aire, a montanha que a viu nascer e crescer e que ela tanto amou.

Ir longe significou, para ela, subir um outro monte, o Carmelo, para, ao jeito do profeta Elias, aí se oferecer plenamente à escuta do Deus que fala no silêncio. Se, na infância, ela escutara a voz de Maria, no relâmpago e na luz, é no silêncio “sob os claustros do Carmelo” (Santa Teresa do Menino Jesus, Manuscrito B, 3rº) que, a partir da sua juventude, ela encontrará Deus. Na intimidade silenciosa do convento, confiada nas mãos de Deus, ela será feita profeta da Mãe do Altíssimo para o nosso tempo perturbado e sedento de Luz e de Verdade.

A vocação carmelita é o espaço em que se cumpre o convite feito, já em Fátima, a Lúcia, a que se ofereça a Deus pela humanidade, e se torne mensageira do triunfo do Coração Imaculado. E, na verdade, os mestres do Carmelo apontam-lhe o caminho do discipulado.

Com João da Cruz, recordará que é o amor a sua única missão. A jovem carmelita certamente se comoveu ao rezar o Cântico Espiritual (28):
Minha alma Lhe hei dado
E tudo o que era meu ao seu serviço.
Não guardo já o gado,
Nem já tenho outro ofício
Pois é somente amar meu exercício.

 Se o seu fiat, dado ainda em criança, lhe revela o horizonte do amor de Deus, a sua entrega na vida religiosa irá aprofundar esta imersão no Mistério, num crescente de amor. Porque amar é o seu exercício: “A Mãe de misericórdia desceu até nós, Senhor, para nos introduzir no Oceano do Teu amor, onde essa chama ardente nos fará viver para sempre, esse mistério do amor dos Três por mim!” (Como Vejo a Mensagem , p. 44).

Ao jeito de Isabel da Trindade, que se sabia habitada pelo Deus Trino – “Parece-me que encontrei o meu Céu na terra, porque o Céu é Deus, e Deus é a minha alma” (Carta 122) –, assim se descobre Lúcia, alimentada pela mensagem que acolheu em Fátima: “esta Mensagem foi, para mim, a revelação do mistério de Deus presente em mim, e eu sempre presente em Deus, onde devo adorá-Lo, amá-Lo e servi-Lo com fé, esperança e amor” (CVM, p. 37). Com Teresinha do Menino Jesus, a quem Deus “deu a sua Misericórdia infinita, e é através dela que contempla e adora as demais perfeições divinas” (Manuscrito A, 84rº), Lúcia reconhecerá que também ela fora, desde sempre, objeto dos desígnios de misericórdia dos Corações de Jesus e de Maria, para ser instrumento da misericórdia de Deus, num mundo envolto pelo desamor, pelo conflito, pelo sofrimento e pela negação de Deus. Reconhece-se sempre um “fraco instrumento” (CVM, p. 57), mas sabe que Deus quer servir-se de instrumentos assim “para mostrar que a obra é Sua, e que é Ele […] quem leva por diante os planos da sua infinita misericórdia” (CVM, p. 57).

Em Teresa de Jesus, essa mulher que amou apaixonadamente a Igreja, Lúcia encontra uma das suas mais comoventes identificações no Carmelo. A religiosa de Ávila escrevia: “Em tudo […] me sujeito ao que ensina a Santa madre Igreja Romana e, se alguma coisa for contrária a isto, é por não o entender” (Caminho da Perfeição, Prólogo). Na Carmelita Lúcia encontramos a mesma humildade e o mesmo respeito filial para com a Igreja: “Não sei se o que aqui digo é tudo exatamente assim, se a Santa Igreja disser de outra maneira, dai-lhe crédito a Ela e não a mim, que sou pobre e ignorante, posso enganar-me. Isto é o que eu penso e não o que eu sei, que nada sei, a não ser amar e servir a Deus e ao próximo por Deus” (CVM, p. 35). O sofrimento de Teresa de Jesus face a uma Igreja dividida, é comparável ao de Lúcia face à dor do bispo vestido de branco que caminha com a Igreja subindo em direção à Cruz da escabrosa montanha. Ambas dão a sua vida em oração e sacrifício pela Igreja. E se as últimas palavras da Santa Madre são a de uma filha – “Morro filha da Igreja” –, o último gesto da vida de Lúcia é a leitura da mensagem que o Papa João Paulo II lhe enviara, palavra da Igreja, palavra amiga de alguém que reconhece que as suas vidas se cruzaram, no Coração Imaculado de Maria.

Lúcia encontrou a Virgem Maria no Carmelo, na sua espiritualidade. Em comunhão com Nossa Senhora, na imitação das suas virtudes, cada carmelita descalça aprende a seguir Jesus, até “ao pé da Cruz” (Caminho de perfeição, 26,8). A Mãe é modelo de total adesão ao Filho e de comunhão com o seu mistério. E, assim, Lúcia encontra no Carmelo o “refúgio e o caminho para Deus” que o Imaculado Coração de Maria lhe tinha prometido em 13 de junho de 1917.

No entardecer da sua longa vida, Lúcia certamente guardava viva a memória da Senhora mais brilhante do que o Sol, que “envolvida na luz de Deus” (CVM, p. 28) a tinha visitado. E se já desde a infância a sua presença a enchera de “uma alegria tão íntima” que parecia que já nada a podia separar dessa Senhora (CVM, p. 30), sentimo-la rezar, como Teresinha, no seu poema “Porque te amo, ó Maria!”, enquanto aguarda a Páscoa eterna:

Em breve no Céu formoso eu irei ver-Te
Tu que vieste sorrir-me na manhã da minha vida
Vem sorrir-me de novo... Mãe... chegou a tarde
.”

Acreditamos que encontrou de novo e para sempre o sorriso da Virgem Maria!

Ir. Ângela de Fátima Coelho, asm
Postuladora da Causa de Canonização de Francisco e Jacinta Marto

sábado, 1 de março de 2014

S. Martinho

Padroeiro da Freguesia de Cedofeita

Nasceu, este grande Santo, em Panómia, Hungria, cerca do ano 325. Aos 15 anos alistou-se na guarda imperial a cavalo. Foi por 342 que se deu em Amiens, segundo reza a tradição, o milagre do aparecimento de Cristo sob a forma de um pobre, com o qual repartiu a sua capa. Ocupou desde 370 a Cadeira episcopal de Tours. Pelo intenso apostolado desenvolvido, orando, pregando, fazendo muitos milagres e boas obras, convertendo famílias a a própria mãe, e tribos inteiras, construindo mosteiros e igrejas, foi cognominado o Apóstolo das Gálias. Faleceu em Candes no ano 397.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

... saber viver!


Fazer o elogio da pobreza em dias de hoje é um suicídio... será mesmo demasiado arriscado!
Eu queria apenas falar de uma pobreza voluntária que não fica mal a ninguém... lá se diz que a pobreza dá-a Deus - a quem a quer! A quem a não quer... faz dela, o diabo o que quer!
Mas... sem esquecer quem a sente na pele involuntariamente, pois eu referia-me a pobreza voluntária ou à “Santa Pobreza”... um exercício de vida, regido por equilíbrio e contenção!
Formas de vida que... tomadas, por uns, como desportivismo... são, por outros escravatura.
Conceitos… e, como tal, merecem apreciações diferentes e, pontos de vista irreconciliáveis.

Há dias passando por uma das “grandes superfícies comerciais” vi, dependurados exemplares de bacalhau miúdo. Peixe tão miúdo como já não via depois dos tempos da Segunda Guerra.
Aproveitando o contraste direi que, também antes, nunca vira, exemplares de... bacalhau tão miúdo!
Ainda me fizeram lembrar as sardinhas abertas ao meio, e amarradas num fio, como a roupa, postas a secar pelos pescadores, em Matosinhos... e vai daí que me “apaixonei” por aqueles exemplares, mais miudinhos e levei alguns para casa!

Serviu um bacalhauzinho daqueles para me fazem lembrar de meu pai... que era pobre por vocação... Pobre por querer!
A vida dele, os seus luxos... cisaram-se ao cafézito e ao cigarro, que nunca conseguiu abandonar, um pouco de conversa com alguém que soubesse conversar.
No Inverno sobretudo pelas costas, de socos e meias artesanais grossas, para ter sempre os pés quentes, cigarro entre os dedos – fazia-me lembrar a esfinge da marca “do vinho fino”, "o homem do sobretudo". Imóvel, quando o coração já não dava para mais, mas sempre atento e oportuno... via tudo à sua volta e tudo meditava e ajuizava com bom senso.
O verdadeiro e genuíno prazer que extraía da vida era...saber o que dizia e dizê-lo, por vezes de forma ácida e poucas palavras. Gostava de ouvir muito e falar pouco... de viver em paz!!!

Ao pequeno almôço apreciava uma barbatana do tal bacalhau miúdo. Era o que havia!
- Bacalhau assado na brasa, batata cozida, azeite, cebola, alho... é o prato mais fidalgo que já vi por esta terra!
Queira dizer: Havia muito que tirar de entre as espinhas, muito paladar e... pouco alimento! Soube conservar sua linha... toda a vida!
Uma vez por outra era ele mesmo quem assava as espinhas á lareira.
Abria a barbatana sobre a grelha ou sobre as brasas e ia conversando com alguém que por ali estivesse.
Depois ia desfazendo a posta e pagava num espinha dum lado mais queimado e ia metendo à boca e debicando extraindo imenso paladar e prazer do alimento a da vida!
Quem diria... com tanto prazer da paz e do conforto da lareira e usando tão reduzidos recursos... meia dúzia de gravetos de lenha de poda... uma lareira – sem o mínimo requinte, numa cozinha enfarruscada pela rama de pinheiro e... uma barbatanazita de bacalhau miúdo.
- Viver não custa... o que custa é saber!

Depois da guerra apareceram por aí à venda exemplares do “fiel amigo” tão grandes e bacalhau tão grosso, como nunca... por aqui, se vira.
Postas de bacalhau espectacularmente grosso afogado em azeite, regado à saciedade e comido em abundância… e mal mastigado... dificilmente alguém conseguirá extrair prazer semelhante àquele que meu pai retirava do bacalhau miúdo do tempo da guerra! Debicado com calma, na ponta dos dedos, à pobre lareira?
Ele dizia sempre que tinha que ir a um banquete:
- Se ao levantar da mesa me sinto enfartado, penso para mim: «- Distraí-me, comi demais... estraguei tudo!!!

m. c. santos leite

Antecipando o”Natal” de 2013

O NATAL DE “IL POVERELLO”*)
Falar de Natal em Paz, durante décadas reflecte ilusão.
Com vento ou com neve “choviam” cartões de boas festas, telefonemas, SMS, e eram tantos que nem davam tempo para saber de onde vinham ou a quem se ficava a dever resposta. Entre amigos e clientes trocavam-se prendas: caixas de vinho ou de chocolates! Mandavam-se aos vizinhos rabanadas, travessas de aletria, sonhos … especialidades da dona da casa … o bolo-rei esgotava-se pelas lojas e o vinhos de preço saltava generosamente das garrafas.

Este Novembro gélido e cru já lembra a preparação do Natal! Já se preparam as prendas, para familiares e amigos, que obrigam a contas e a cortes, em listas.
O Natal ainda vem longe mas, já se corta nos “projectos”.
O Inverno insinua-se mais pesado e o Natal fria realidade. Noutros tempos as ruas eram só luzes multicoloridas e música; hoje o povo, deixara de cantar.
Era Natal de ilusões; de coisas e tudo em quantidade e qualidade.
Hoje continua a ouvir o sempre voltad disco da grafonola.


Nas vésperas de Natal aquecia-se a casa para receber os que ainda andavam fora. No fogão a panela ia cozendo a hortaliça e o bacalhau para a ceia. Preparava-se “molho fervido”.
Os mais novos treinavam-se no “rapa, tira, deixa, põe”; escabulhavam-se os pinhões, ou davam os últimos retoques no Presépio que São Francisco por amor recreara.
Diria que o Natal não deve regressar à sua autenticidade sem lembrarmos São Francisco, “il Poverelo”. *

São Francisco montara na serra coberta de neve um Presépio naturalista que, cheio de significado e de encanto, substituíra imagens por pessoas e animais autênticos.
Um menino, nascido há pouco, figurara de “Menino Jesus”; a própria mãe aconchegava-o ao peito como Maria fizera. As ovelhinhas e os seus pastores, lembravam Belém. O coro da Capela da Porciúncula *) imitou os Anjos cantando pelas alturas, «Glória in excelsis Deo».
O povo da Porciúncula e das vizinhanças - “Homens de boa vontade” - compareceu e a custo subiu a serra branca de neve, acompanhando Francisco.
Na noite gélida o boi, a jumentinha e as ovelhas, como em Belém, ajudaram a aquecer o Menino.
A celebração decorreu com contentamento e foi grande o êxito deste primeiro Natal naturalista do Irmão Francisco.

Na longínqua Belém o autêntico Presépio foi é mais pobre.
Os Anjos e os pastores tinham sido os primeiros a saber da «Boa Nova» pelos Anjos, e foram os primeiros a chegar. Além dos trapinhos e do calor do boi, das ovelhas e da jumentinha, nada mais havia com que assistir ao Deus Menino. A pobre manjedoura, e as palhinhas dos animais, era quanto havia para receber Jesus; o Messias, o Deus nascido da Virgem.

O Natal de luxos, de grafonolas e pinheiros enfeitados, levaou quase dois milénios a chegar e pouco ou nada tem a ver com o Natal de Jesus em Belém. O Presépio que Francisco ajudou a recuperar a celebração.
O Natal nada tem a ver com luxos. Quer-se celebrado em Família, em Paz e amor.
No desconforto da serra coberta de neve celebrou S. Francisco seu Presépio.
As palhinhas da gruta, e o calor dos animais na serra, valeram ao Menino.
O Natal antes de mais deve ser aquecido pela amizade, aconchego e “calor” do lar.
Sobretudo pela concórdia “entre Homens de boa vontade”.
É isso que torna o Natal mais feliz. É isso que faz com que todos sintam que da Virgem Maria acaba de nascer o Salvador!

*) - “Il Poverello”. Célebre apelido atribuído a São Francisco, “o pobrezinho”.
**) – Porciúncula é a Capela e localidade onde São Francisco inicialmente instalara os seus primeiros freires.

2008-11-05


- O PANO DA CARAPUÇA

Chegados nós a esta altura do ano 1) logo notamos Governantes preocupados com reuniões, denotando que algo se passa.
Entretanto apercebemo-nos de que é o "Plano" ou "Lei de Meios" e o nervosismo extra é motivado pela aprovação dentro do prazo legal.
Foi num dia destes que me apercebi desta situação e me lembrei da velha "história do pano da carapuça" (2), que muitas vezes ouvi contar.
                                                                                       Clicar:  Ler texto completo

VALHA-NOS DEUS e Nossa Senhora!...

Imaculada é só ELA,
Mãe de Deus
e nossa mãe!
Deus e aqueles que Deus tem
acolhe a todos
nesta Hora!
Valei-nos com Deus
Bº. João Paulo II
com Beatos Jacinta e Francisco,
S. Daniel Comboni
e S. Pio de Pietrelcina!
Hora de todos
Hora Divina!

Oferece com fé.
Via:
Padre José de Sousa

A Ingente “REDENÇÃO DO MUNDO”






           “-ÍNDIA… ACORDA”
(É o grito de alerta dos “média indianos”
a propósito de um caso grave ali ocorrido 
com uma menina de cinco anos.) 










Jesus “O Redentor”, com o Mundo no braço,
ao colo de Nossa Senhora da Esperança


“- Índia… acorda!”
Tu dormes mas, eles não dormem… procuram oportunidades.

Depois do leite derramado… Não resulta gritar à porta do hospital!
Acabado o vosso grito de protesto… tudo continua como até aí.

Dizem-te que “acordes”… acorda e levanta-te e fica de pé!

Se não ficares de pé, adormeces e nada consegues!

Eu vi uma mãe que, durante uma palestra segurou pelo braço o filhote, à revelia de recomendações. Temiam que a criança incomodasse.
Quando a “autoridade” se viu desautorizada… retirou.
Todos deram razão à Mãe! Não lhe regatearam aplausos!
A força de Lei e da Autoridade, tinham-se diluído frente à tenaz mãe!

Por aqueles tempos tinha havido muitas histórias tristes com Bebés “roubados”.
O que levou a que muitas mães jurassem firme que isso não se repetiria com elas!
Fosse qual fosse o preço!

Ouvi falar de uma deusa, sempre vestida de branco e daí, de Bombaim que trazia sempre uma Criança ao colo. Um Bébé que encontrasse, perdido na “lama” da rua. Abandonado!
Levava a criança consigo, alimentava-a e tratava-a como aquilo que de mais precioso podia haver no mundo!

Faz o melhor que puderes pelas crianças! Leva contigo os bebés abandonados! Alimenta-os e trata-os o melhor que souberes e puderes e procura acolhimento para eles!

“- ÍNDIA  ACORDA!”
(Foi o grito de alerta dos “média indianos”
a propósito de um caso grave ali ocorrido
com uma menina de cinco anos.)