- A Fábrica Do Senhor "DONATTO"


Donatto, foi "gerente" de uma importante fábrica até que um dia, a hora da reforma lhe bateu à porta.
A gerência, perante a nova situação, entendeu que a fábrica devia ser modernizada e contratou novo gerente. O senhor Donatto retirou-se mas, voltaram chamá-lo. Pediram-lhe que fosse à fábrica.
«- As coisas não corriam bem; as máquinas não “andavam nem desandavam”.»
O gerente novo tinha entendido que tudo estava mal e começou por mandar pôr em ordem quanto enendia.
Deparara-se com uma fábrica velha. A caldeira queimava carvão e detritos de produção e enfarruscava tudo! Havia “linhas de eixo”, correias e “teias de aranha” em suspensão por todo o lado. Volantes empenados, moviam largas correias de couro, que "chiavam" e embatiam, mais parecendo roupa a secar em vento forte. E o bailado completava-se com o ruído peculiar da laboração.
O gerente novo logo mandara que apertassem tudo. Os volantes desengonçados foram substituídos; as chumaceiras foram novas e as correias esticadas.
Agora, que as reparações ficaram prontas, as correias e as “linhas de eixo” travaram e deixaram de levar a força motriz às máquinas!
Depois surgiram problemas com enguiços nas próprias máquinas e o gerente novo não mais foi capazes de suster tanta avaria.
O último recurso foi mandar chamar o velho Donatto pois havia encomendas atrasadas e não se via jeito de lhes dar saída.
O senhor Donatto notando que tinham “mexido em tudo”, e de uma só vez, disse-lhes que voltassem a pôr tudo conforme estava; e os antigos mecânicos assim fizeram! Consentiram as folgas e desalinhamentos habituais, as máquinas, como que por milagre, voltaram a trabalhar!
As linhas de eixo e os volantes foram deixados entregues ao seu "bailar". Algumas correias voltaram a chiar como era normal, outras batiam-se de tão folgadas; mas a energia chegava a cada máquina e o ruído da fábrica em laboração era retomado, numa agradável sinfonia de trabalho sem sobressaltos e com tranquilidade.

Os curiosos indagaram do velho Donatto, como foi possível tal milagre:
«-- Foi fácil. A fábrica está toda velha e ultrapassada; as máquinas necessitam de grandes reparações. Têm muitas folgas e só conseguem trabalhar se as folgas forem compensadas por outras equivalentes!
As máquinas estavam afinadas para trabalhar com lentidão! Já não são novas!»
A preocupação do “moderno” tinha paralisado a fábrica que se tornou incapaz de acudir à subsistência dos seus trabalhadores!

O "gerente novato", não compreendia "meias medidas" e, dizendo mal da vida e da fábrica obsoleta… retirou-se.
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(1) - A história é verdadeira.


M. C. Santos Leite

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