O
Rei David
Do
“I Livro de Samuel”, também conhecido por “I Livro dos
Reis”
Texto
seleccionado, resumido e referenciado.
(Referências,
I Livro de Samuel ou dos
Reis
XVI,
14 e seguintes)
David
tocador de harpa
David vivia com o pai e era o
pastor dos seus rebanhos.
Um dia chegou um emissário
dizendo que o Rei Saúl tinha dificuldade em conciliar o sono e que o
aconselharam a que contratasse um bom músico, para que lhe cantasse e tocasse
belas áreas, enquanto o Rei procurava conciliar o sono. David tinha fama de bom
tocador de harpa e o emissário levou-o ao paço onde cantava e tocava sempre que
o Rei queria adormecer.
Um dia o pai mandou-o levar um
cesto com alimentos aos irmãos que ajudavam o Rei na guerra contra os
Filisteus.
(Idem – XVII, 1 e
seguintes)
Golias
David chegou ao arraial, no
momento grave em que o gigante Golias – que media mais de três metros de altura
– ameaçava Israel.
- Se não lhe enviassem um
guerreiro capaz de combater consigo, atacaria.
O gigante vinha propor um
acordo.
Dois guerreiros, um de cada rei,
combateriam entre si. O rei a quem pertencesse o guerreiro vencido ficaria
escravo do Rei vencedor.
- Assim evitaremos mais mortes!
Dizia!
Havia quarenta dias que vinha
repetir a provocação, uma vez pela manhã e outra à tarde. Tornava-se evidente
que se não o ouvissem em breve concretizaria
ameaça.
(Idem – XVII, 14) e
seguintes)
David
David pastor e jovem ainda,
trazia a tanga à cinta e um varapau; na sacola onde levava a
funda.
Era pastor humilde mas corajoso e
habituado a lutar com feras para defesa do rebanho e já tinha matado leões e
ursos.
Quando a fera fugia atacava-a
mas, se o enfrentava apanhava-a pelo maxilar e imobilizava-a, ferindo-a depois
até à morte.
David mal tinha chegado ao
acampamento com o cesto e logo ouvira a ameaça do gigante e num momento de
arroubo, foi oferecer-se ao rei Saúl para combater Golias que ofendia Israel e a
Deus.
Golias, para além da sua colossal
estatura trazia uma espada enorme e bem afiada e uma lança cuja haste mais
parecia um órgão de tear; levava à frente um criado que lhe transportava o
escudo.
David ao ver o gigante não temeu
e logo se deslocou à torrente de onde trouxe, cinco pedrinhas afiadas, para usar
na funda.
Golias que esperava ter pela
frente um guerreiro forte e bem armado, tentou depreciar David, dizendo-lhe: -
Vens de cajado? Como se eu fora um cão!
(Idem – XVII, 38) e
seguintes)
Cinco
Pedras e uma Funda
Mas á primeira pedrada David
atingiu Golias numa fonte; e o gigante logo caiu por terra
inanimado.
Tanto o escudeiro, como os seus
homens de armas, julgaram-no morto e ninguém lhe foi acudir mas David, tomando-o
como inanimado e tirou-lhe a espada, de um só golpe
decapitou-o.
Os Filisteus ao verem o
irreversível desfecho da luta… debandaram!
O jovem pastor recolhera toda a
fama e mérito da contenda. O herói foi David!
(Idem – XVIII, 6 e
seguintes)
Inconvenientes
da fama
Quando foi conhecia a vitória de
David as mulheres, por todo o reino, cantavam:
«Saúl
matou os seus mil
David
matou os seus dez mil
O Rei ofendido dizia: - A David
atribuíram dez mil e a mim só mil… Só falta atribuir-lhe o
reino!.
Saúl deixara-se arrastar pela
cólera e passando a persegui-lo dizia:
- Ferirei David contra a parede!
E procurava todas as ocasiões para o fazer desaparecer mas, David escapava
sempre.
Entretanto o Rei, entre
artimanhas deu a filha mais nova Mical, em casamento a
David.
(Idem – XXIII, 13 e
seguintes)
David
no Deserto
David e seus seiscentos homens
fugiam de Queila e caminhavam à sorte. David morava no deserto de Ziph, em
lugares inacessíveis, pelas montanhas. Saúl procurava-o todos os dias mas, Deus
não o entregou nas mãos. David viu que Saúl tinha saído para lhe tirar a vida.
Jónatas, filho do Rei, foi ter com David e reanimou-lhe a confiança em Deus
dizendo-lhe: - Não tenhas receio que a mão de meu Pai não há-de
encontrar-te.
(Idem – XXIV, 1 e
seguintes)
Engadi
David subiu e fixou-se nos
alcantis de Engadi.
A Saúl, logo lho disseram e,
levando três mil homens partiu à procura de David sobre a penedia dos cabritos
monteses. Há ali uma gruta à beira do caminho e Saúl entrou nela. Ora David e
seus homens estavam no interior da gruta, cumprindo-se a previsão: “Eu entrego o
inimigo nas tuas mãos”.
David levantou-se e cortou uma
ponta do manto de Saúl e não consentiu que seus homens lhe pusessem as
mãos.
(Idem – XXIV, 9 e
seguintes)
Antigo
Provérbio
Saúl retomou o seu caminho. David
também, mas logo chamou Rei dizendo. - Senhor meu rei! Saúl olhou e viu David,
de face em terra, em profunda reverência. Então David disse ao Rei: - Porque dás
ouvidos a esta gente? Aconselharam-me a que te matasse. Mas não levantarei mão
contra ti. Vê, ó Pai! Vê a ponta do teu manto na minha mão; ao tirar-te a ponta
do manto não quis tirar-te a vida! Reconhece que não tenho cometido falta contra
ti e tu andas a armar ciladas à minha vida, para ma
tirar!
Como diz um antigo provérbio: «-
Dos maus nasce a maldade.»
(Idem – XXIV, 17 e
seguintes)
Arrependimento
de Saúl
- Esta é a tua vez, meu filho! –
Tu és mais justo que eu porque me tens feito bem e eu te pago com o mal! Agora
já sei que virás a ser rei e que Israel se há-de confirmar em tuas
mãos.
Saúl regressou a sua casa
enquanto David subia com seus homens aos rochedos.
(Idem – XXV, 1 e
seguintes)
Nabal
Em Maon havia um homem, muito
rico que possuía mais de mil cabras e três mil ovelhas. Chamava-se Nabal e
Abigail era a sua mulher. Abigail possuía dotes de inteligência e prendas de
formosura. Ele estava em Carmel a tosquiar ovelhas.
David, que andava pelo deserto,
ouvira dizer que Nabal estava em Camelo na tosquia das ovelhas e mandou lá
emissários.
- Dizei a Nabal que os seus
pastores e gados seus viveram no deserto muito tempo juntos com os guerreiros do
meu senhor e que foram sempre respeitados e nunca lhes faltou
nada.
- Agora pedia-te que lhe mandes
algo do que encontrares à mão para comermos.
Nabal que era boçal e perverso,
respondeu: - Quem é David; Quem é o filho de Isaú? Hei-de pagar com o meu pão
para dar a homens que nem sei quem eles são? E não atendeu.
(Idem – XXV, 14 e
seguintes)
Abigail
Entretanto Abigail soube do
sucedido por um dos homens de Nabal que lhe contara
tudo.
Ela juntou à pressa pão e vinho e
o mais que havia e dirigiu-se ao deserto ao encontro de David que se preparava
para saquear a casa de Nabal como represália.
David agradeceu a Abigail a sua
prudência que o impediu de fazer mais sangue.
- Sobe em paz e repara como
atendi o teu pedido e te tratei com deferência.
Nabal morreu, David soube e
mandou falar a Abigail para a receber como esposa.
(Idem – XXVI, I e
seguintes)
Uma
proeza nocturna
Os Zifeus vieram dizer a
Saúl;
- David está escondido em
Aquila!
Saúl levantou-se e desceu ao
deserto, acompanhado do chefe do exército, Abisai e de três mil homens de
Israel, escolhidos.
Mas David apercebera-se de que
Saúl viera em sua perseguição e acampara ali e notou que Saúl dormia no parque
dos carros e de noite deslocou-se lá com Abisai que disse a
David:
- Deus meteu-te o inimigo nas
mãos.
Saúl dormia com a lança espetada
na terra. - Queres que o crave á terra com a sua
lança?
- Não o mates. Pega na lança e no
cantil, que está à cabeceira e vamos.
E foram-se embora sem que os
vissem.
David, de cima de um monte
próximo chamou por Abisai: - Quem és tu? Chamas pelo
Rei?
- Olha, onde está a lança do rei
e o cantil da água que se encontravam à sua
cabeceira?
Saúl acordou e reconheceu a voz
de David: - Porque anda o meu senhor em perseguição do seu servo? O rei saiu de
Israel. Saiu em busca da minha vida como quem persegue uma perdiz pelos
montes!
Saúl
respondeu:
- Pois volta meu filho!
E David seguiu o seu
caminho.
(Idem – XXVII, I e
seguintes)
Correrias
no Negueb
David temendo morrer às mãos de
Saúl pensou que o melhor seria refugiar-se num país filisteu «e Saúl desistirá
de me perseguir!»
David e seus homens fixaram-se
junto de Áquis e pediu-lhe que o autorizasse a fixar-se num lugar
qualquer.
David fazia incursões por povos
vizinhos para se abastecer
(Idem – XXVIII, I e
seguintes)
Áquis
Por aqueles dias Áquis
concentrava homens para a guerra e disse a David: - Vou guerrear os israelitas e
tu e os teus homens tendes que me acompanhar.
- Quanto a isso ficarás a saber o
quanto é capaz o teu servo.
(Idem – XXVIII, 3 e
seguintes)
Uma
nigromante
Samuel tinha morrido e era
chorado por Israel inteiro.
Saúl ao ver o arraial dos
filisteus e ficou cheio de medo e ordenou aos
servos:
- Procurai-me uma nigromante. E
eles foram a Endor procurar uma nigromante.
O rei pediu-lhe que invocasse o
espírito de Samuel e logo a nigromante deu um grande
grito.
- Porque me enganas-te? Tu és
Saúl?
Pois tinha havido querelas entre
Saúl e nigromantes.
E disse Samuel a Saúl: - O Senhor entregará a ti, o teu filho
e o exército de Israel nas mãos dos filisteus. Saúl caiu por terra, sem
forças.
(Idem – XXIX, 1 e
seguintes)
Solução
Inesperada
Enquanto os filisteus reuniam
todas as hostes em Afec; Israel acampava junto à fonte em
Jezrael.
David e os seus homens caminhavam
na retaguarda. Então os régulos filisteus perguntaram: - quem é este David? Não
é este David aquele de quem entre danças diziam:
«Saúl
matou os seus mil
David
matou os seus dez mil»
- Manda esse homem
embora!
Áquis chamou David e disse-lhe
que muito lhe aprazia a convivência mas, a tua presença não agrada aos olhos dos
meus chefes.
E David e os seus homens
levantaram-se cedo e dirigiram-se à terra dos filisteus. A
Jezrael.
(Idem – XXX, 1 e
seguintes)
Ziclag
Quando David chegou com os seus
homens a Ziclag viram a cidade saqueada e que as suas mulheres tinham sido
levadas cativas.
Encontraram um egípcio a quem
David perguntou: Onde pararão os que incendiaram Ziclag e ele pôs-se a guiá-los.
Encontrando-os, David desbaratou-os e não se
salvaram.
Recuperou tudo quanto tinha sido
pilhado. Recuperou as duas esposas, filhos e filhas, o espólio e tudo quanto
lhes haviam tirado.
(Idem – XXXI, 1 e seguintes) Epílogo
Trágico
Entretanto os filisteus travaram
combate com os Israelitas que fugiram diante deles e os filisteus mataram filhos
de Saúl que foram encontrados mortos no monte de Gilboé. Saúl foi gravemente
ferido pelos archeiros e ordenou ao escudeiro:
- Desembainha a espada e
trespassa-me. Mas o escudeiro recusou. Saúl desembainhou a sua e atirou-se sobre
ela. Assim fizeram naquele dia os outros filhos e o escudeiro. Os habitantes de
Jabes e de Galaad souberam disto, despojaram os corpos e cremaram-nos; depois
sepultaram tudo sob a tamareira de Jabes e jejuaram sete dias.
*)
- Texto do Rver.º Cónego Doutor Mendes de Castro
Bíblia de
«Galamba de Oliveira,
v. II , Pág.ª 137.
Universos,
Leiria, 1963»
Sem comentários:
Enviar um comentário